ASA BRANCA DO SERTÃO
Asa branca, está triste? Por que choras?
Por que fica muda, em vez de me alegrar?
Eu que choro entre os matos da caatinga
E é você, que sempre fica do meu lado a lastimar.
Nunca mais teve coragem de voar,
Parece até que seu corpo sente a minha dor!
Eu que sofro as calúnias dessa vida
E é você que sente no peito este calor.
Por mais castigante, você não me abandona,
Fica morrendo a cada dia, mas não sabe
Se eu passo fome, você também não come
Se tenho sede, também você não bebe.
Asa branca, por que você não voa e vai embora?
Você tem asas e pode algum dia voltar.
Deixe-me a sós e vá para bem longe!
E volte, quando a chuva aqui chegar.